Assim como na maioria das ciências exatas, também na Informática há uma falta de modelos femininos. Muitos acreditam que esta área não as interessam porém, existem registros que comprovam a fundamental participação de algumas mulheres no desenvolvimento desta Ciência. E é por isso que citaremos aqui alguns nomes:
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Augusta Ada Byron - Lady Lovelace (1815-1852)
Ada é considerada como a primeira mulher programadora de computadores do mundo. Ela inventou inúmeras técnicas de programação, entre elas, o comando condicional IF-THEN, o conceito de tipos, operadores, matrizes e loops, assim como a utilização do sistema binário ao invés do decimal.
Através de Mary Somerville, amiga de Ada e matemática responsável pela tradução do trabalho de Laplace (Mécanique Céleste) para o inglês, por volta de 1833, com 17 anos, Ada foi apresentada a Babbage e suas ideias sobre o Engenho Diferencial, cujo objectivo era computar tabelas aritméticas.
O exemplo utilizado por Ada em anotações sobre uma outra máquina de Babbage, a máquina analítica, seria mais tarde considerado como o primeiro programa de computador da história, cem anos antes do primeiro hardware ter sido construído. Impressionado com as anotações de Ada, Babbage convidou-a para o ajudr no desenvolvimento do seu engenho. Ela participou do desenvolvimento dos exemplos para demonstrar o funcionamento do engenho de Babbage, fazendo desde cálculos até a produção de música. Todavia, o Engenho Analítico não foi construído, pois a falta de apoio público, de financiamento, as próprias excentricidades e falta de saúde de Babbage contribuíram para o abandono da máquina.
Apesar da importância da sua contribuição para o desenvolvimento da informática como a conhecemos hoje, Ada é citada por ter ajudado Babbage na documentação das ideias. Ela é recordada como filha de Lord Byron, o poeta, e não de sua mãe que era uma matemática famosa. A família e a educação dos filhos afastaram Ada dos estudos matemáticos, ainda assim, ela é apresentada como uma mãe negligente cuja morte precoce interrompeu o seu percurso profissional
Grace Murray Hopper (1906-1992)
Por volta de 1944, idealizou o conceito de sub-rotinas utilizado ainda nos dias de hoje, cujo objectivo era aproveitar módulos de comandos que fossem utilizados para diminuir o tempo e o esforço. Hopper é a responsável pelos termos bug e debug. Em 1945, enquanto escrevia um programa para o computador Mark I, este parou de funcionar. Ao tentar encontrar o problema, achou uma mariposa (bug) interrompendo os circuitos da máquina e, ao retirá-la (debugging), a máquina voltou a funcionar. O Mark I era uma máquina enorme, com três quartos de milhão de peças, oitocentos quilómetros de fios, várias rodas contadoras, mancais, garras de engate e relés.
Por seu pioneirismo e sucesso na programação de aplicações para os computadores Mark I, Mark II e Mark III, ela recebeu o Naval Ordinance Development Award.
Ainda desenvolvendo o seu trabalho em Harvad, Hopper concebeu a ideia de escrever um programa que criasse um programa, ou nos termos actuais, construir um compilador. Em 1949 junta-se à Eckert-Mauchly Computer Corporation, cujo objectivo era produzir computadores comerciais. Em 1952, Hopper desenvolveu o primeiro de uma série de compiladores (A-0) que foi com sendo aperfeiçoado com o tempo, resultando em mais duas versões (A-1 e A-2).
Como fazia a grande maioria dos técnicos, os nomes dados aos programas não eram comerciais, e quando a quarta versão do compilador (A-3) foi finalizado, o departamento de vendas nomeou o compilador de MATH-MATIC. Hopper achava que as linguagens deveriam ser mais amigáveis e desenvolveu uma linguagem baseada no inglês, o FLOW-MATIC, que foi a primeira e mais utilizada linguagem da época. Hopper exerceu grande influência na formulação de uma linguagem comum orientada para negócios, que deu origem ao acrónimo COBOL (Common Business Oriented Language)
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ENIAC
O ENIAC, localizado na Universidade da Pensilvânia, desenvolvido por John Mauchly e J. Presper Eckert, foi o primeiro computador electrónico do mundo e programado inicialmente por seis mulheres:
Kathleen (Kay) McNulty Mauchly Antonelli;
Jean Jennings Bartik;
Fraces Synder Holberton;
Marlyn Wescoff Melzer;
Fraces Bilas Spence;
Ruth Lichterman Teitelbaum.
Estas mulheres faziam parte do Corpo Voluntário Feminino para Emergências (WACS), durante a Segunda Guerra Mundial (1945), cujo trabalho era realizar cálculos balísticos, um trabalho difícil, dado que naquela época, ainda ninguém tinha programado um computador, então não existia nada e ninguém com quem aprender. A única ferramenta disponível era um diagrama lógico em blocos do ENIAC. É importante observar que esses cálculos eram considerados muito importantes para a guerra, e estas mulheres foram escolhidas pelas suas habilidades em matemática, além de entenderem que elas eram mais capazes e rápidas do que os homens para realizar os cálculos. Ao todo, 75 mulheres fizeram parte do projecto além dos homens, contudo as mulheres no projecto não possuíam o mesmo respeito que os homens.
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Outras mulheres foram e são importantes para o desenvolvimento de várias ferramentas na informática, porém as informações sobre elas são escassas. Entre elas destacam-se:
Marina C. Chen: a sua pesquisa inclui o design e a implementação dos compiladores Fortran para plataformas de alta performance. Também foi Presidente da Cooperating Systems Corporation;
Adele Goldberg: trabalhou na criação do primeiro “window”, uma interface baseada em ícones;
Madge Greswold: ajudou no desenvolvimento da linguagem de programação ICON;
Lois Haibt: desenvolveu um analisador de expressão aritmética, componente essencial para o compilador FORTRAN;
Sister Mary Kenneth Keller: participou no desenvolvimento da linguagem BASIC. Foi também a primeira mulher a receber o grau de doutora em ciência da computação nos Estados Unidos;
Emmy Noether: pesquisou álgebra abstracta que forneceu os fundamentos para a criação da linguagem PROLOG;
Susan Owicki: pesquisou sistemas distribuídos, análise de performance e sistemas fiáveis para o comércio electrónico;